Durante
o outono de 1782, mais precisamente a 27 de outubro, nascia na
litorânea cidade de Gênova, Itália, fruto da união de
Antonio e Teresa Paganini, uma criança, que recebeu o nome de
Niccolò, e cujo futuro seus pais nem podiam
imaginar. Antonio Paganini, que era portuário por profissão,
se distraía como violinista amador. Apenas o segundo filho,
dentre os seis que teve, (Piero, Niccolò,
Giovanni, Franco, Giuseppe
e Teresa) mostrou interesse pelo mundo da música. Antonio, com
uma máxima severidade criou seu filho com
mão de ferro e sonhando com riqueza que um prodígio
poderia lhe trazer, aplicava muita crueldade persistindo com
Niccolò nas tarefas musicais, castigando-o severamente a cada engano, e não permitindo para a criança qualquer
relaxamento ou brincadeira.
Como
toda criança da época, Niccolò Paganini foi atacado tão severamente por
sarampo que certo dia foi dado como morto, e seu corpo foi embrulhado em
uma mortalha, e só por acaso é que não foi enterrado prematuramente.
Esta doença deixou Paganini doentio para o resto da vida.
Niccolò
Paganini, mostrava interesse precoce pelas cordas do violão, mas foi o
violino que levou o jovem ao mundo da fama. Aos seis anos tomava aulas
com Giovanni Servetto. Mais tarde, com o mestre de capela e primeiro
violino de Gênova, Giacomo Costa.
Sob a orientação desses professores, Paganini fez progresso surpreendente. Com a
idade de oito ele compôs uma sonata de violino de mérito
extraordinário; um semestre depois, ele tocou o Concerto de Pleyel tão
prosperamente na igreja que ele freqüentava que foi convidado a
ser o
primeiro violino da igreja. Antônio Paganini estava realizando o
seu
sonho rapidamente, mas longe de ceder à sua regra despótica
sobre seu
filho, aumentou a severidade com a esperança de trazer um
triunfo mais
rápido. Niccolò Já fazia nesta época apresentações executando
obras
diversas e estreou sua obra em uma igreja dos arredores.
Escreveu, aos
onze anos de idade, uma série de variações sobre a tradicional La
Carmagnola, recebendo pela apresentação dessa composição sólida
aclamação.
Começou
então a viajar, sempre em companhia de seu pai Antonio, em busca dos célebres
mestres de música da Itália. Após assistir a uma demonstração da técnica
do jovem instrumentista, o grande professor Alessandro Rolla se recusou
a dar-lhe aulas pois achava que nada teria a acrescentar à técnica já
adquirida pelo músico.
Em
1795, Paganini - então com treze anos - deu um desempenho em um teatro
em Genova, tão fenomenal que daí em diante ele ficou conhecido como o
“a criança-maravilha.” Seu pai decidiu leva-lo a maiores
professores. Ele começou o estudo de composição então sob Ferdinando Paër em Leghorn.
Em
1797, Paganini empreendeu uma excursão de concertos estendida entre Milão,
Bolonha, Florença, Pisa, e Leghorn, fazendo as audiências com a sua técnica
fenomenal. Nessa época, a tirania de Antônio Paganini sobre o filho
estava se tornando insuportável a Niccolò que resolveu se livrar de
uma vez por todas do jugo do pai.
Em
novembro de 1798, ele inscreveu-se e veio com o irmão mais velho, Piero,
para o Festival de San Martim em Lucca onde realizou um
desempenho fabuloso. A partir de Lucca, ele visitou diversas cidades próximas
fazendo desempenhos excelentes. Paganini ganhou dinheiro bastante para
se manter mais adequadamente, e decidiu firmemente nunca mais voltar à
casa de seu pai. Em 1801, finalmente, abdicou da companhia de seu pai e retomou a função
de concertista. Viajou à Lucca, onde tornou-se professor do Príncipe,
além de primeiro violino da orquestra da Corte
Porém,
esta recente liberdade lhe virou a cabeça. Ele só tinha
dezesseis anos, mas começou a ter uma vida devassa com
mulheres, e jogo. Destes dois vícios, o segundo provou mostrar
tão forte nele que Paganini freqüentemente perderia mais em
uma noite do que ele ganharia em várias semanas. Mais de uma
vez ele foi forçado a penhorar o violino para pagar
integralmente dívidas de jogo.Uma
certa vez, aos quinze anos, Niccolò estava programado para dar
um espetáculo, mas seu violino estava penhorado Um amigo,
Monsieur Livron, ofereceu-se a emprestar lhe o próprio e valioso
Guarnerius, e,
naquele concerto, ficou
|
tão encantado com Paganini que insistiu para
que o violinista retivesse o precioso instrumento como um presente, que
era uma peça muito valiosa entre os instrumentos musicais da época.
Niccolò continuou a compor e terminou os primeiros de seus 24 Caprichos nesta época
Logo após isto, Paganini quase perdeu, em uma noite, no jogo, este violino famoso.
Quando, na manhã seguinte, ele viu que quase tinha jogado fora a sua
posse mais preciosa, Paganini jurou
nunca novamente chegar uma mesa de jogo; e ele manteve a sua promessa.
Entre
1801 e 1805, Paganini desapareceu de visão pública. Acredita-se que
ele viveu durante estes anos em retiro completo no castelo de uma
senhora da Toscana, uma guitarrista e cantora lírica, dedicando seu
tempo a dominar o violão e a compor músicas para aquele instrumento.
Em
1805, Paganini voltou à fase de concertos. Uma vez mais, ele soube
triunfar. No fim desse ano, ele foi empregado pela Princesa de Lucca
como violinista da corte. Aqui ele estudou infatigavelmente a técnica
do violino e continuamente tentou executar músicas com menos de quatro
cordas pelo uso de notas harmônicas. Ele na verdade compôs exatamente
nessa época uma sonata para uma única corda G.
Tinha
devota admiração pela irmã de Napoleão Bonaparte, então coroado rei
da Itália. Em 1809 a princesa Elisa de Lucca
mudou-se e
Niccolò. Paganini permaneceu no emprego da até 1813.
Voltou à sua vida de viagens e concertos. Estreou a
29 de outubro de 1813, com sua obra Le Streghe (As
Feiticeiras) no famoso Teatro Scala de Milão. Paganini recebeu sólido
reconhecimento como o maior instrumentista de sua época e começou a
excursionar pela Itália.
Mudou-se
para Florença e em 1819, começou a lecionar violino, violão e
violoncelo. Mostrava então ser possuidor não só de grande técnica ao
violino, mas também ser grande violonista e admirável conhecedor dos
instrumentos de corda, além de extraordinário professor.
Voltou
a excursionar em 1820. Seus estranhos modos e sua técnica extraordinária
o ligaram a lendas que o associavam ao demônio. Mas estas ligações
satânicas eram desculpas para explicar seu virtuosismo, pois Niccolò
sempre foi ligado à Igreja e chegou a executar um grande número de
concertos beneficentes.
Passou
a viver com Antonia Bianchi. Adoeceu, em 1821, por um longo período.
Retomou suas apresentações pela Europa em 1824. Seu único filho,
Achille Ciro Alessandro, chamado carinhosamente de Achillino Paganini,
nasceu a 25 de julho de 1825.
Durante
os próximos anos ele executaria concertos extensivamente na Itália e não
deixou nenhuma dúvida de sua supremacia sobre todos os violinistas de
sua época.
Doenças
tornaram impossível para Paganini dar concertos fora de Itália. Em 1827,
contraiu uma infecção na laringe. Desprezando a doença, continuou
suas viagens. Mas não estava bem.
Finalmente,
em 1828 - depois de um repouso bastante curativo na Sicília com a força
renovada, Paganini foi para Viena onde se tornou uma sensação. Roupas,
comidas, bijuterias receberam seu nome; sua figura foi caracterizada em
bengalas e caixas de charutos etc. Em 1831, Paganini ultrapassou este
triunfo de Viena até mesmo em Paris. Franz Liszt expressou a maravilha
do público francês quando ele exclamou: “Isso que é um homem! Isso
que é um violino! Isso que é artista! Céus! Que sofrimentos, que miséria,
que tortura nessas quatro cordas!”. O mestre do violino começou a
apresentar sinais de esclerose em 1833, ao se preocupar em demasia com a
saúde, perfeita, de seu filho, que levava para todos os lugares aonde
ia.
Tornou-se
Doutor de Música da Universidade de Oxford. Voltou à capital francesa
para algumas apresentações, sentindo-se forte. Por este tempo,
Paganini já tinha se tornado uma lenda. Não só por sua técnica incrível
— seus efeitos digitais pareciam milagrosos em suas audiências —
mas também sua aparência cadavérica que despertou o terror
supersticioso e temor de seus espetáculos. “Um metro e sessenta e
cinco de altura, construído em linhas longas, sinuosas, uma face pálida
longa com linhas fortes, um nariz pontiagudo, e olho de águia, cabelo
ondulado fluindo aos seus ombros e escondendo um pescoço extremamente
magro,” era descrição de Castil-Blaze sobre Paganini em 1831.
“Duas linhas, poderia se dizer, foram gravadas em suas bochechas pela
sua profissão, porque elas se assemelharam ao ƒ ƒ do violino.” Dirigiu-se
à Bélgica, onde foi estranhamente vaiado. Veio a descobrir depois que
esta rejeição por parte dos belgas era devido às lendas de sua
associação com o demônio.
A
face pálida, e longa com suas bochechas ocas, os seus lábios magros
que pareciam enrolar em um sorriso sardônico, expressão penetrante dos
seus olhos que pareciam como carvões flamejantes, lhe deram uma aparência
diabólica que tentou muitos dos seus admiradores a circular o rumor que
ele era o filho de um diabo. As pessoas freqüentemente se benziam se
fossem acidentalmente tocadas por ele. Uma vez, Paganini foi forçado a
publicar cartas de sua mãe para provar que ele teve os pais humanos. De
qualquer modo, ele despertou temor e terror onde quer que tocasse. Em
Paris ele foi chamado Cagliostro; em Praga ele foi julgado por ser o
judeu errante original; na Irlanda circulou o rumor que ele tinha
chegado à essa terra no
Holandês Voador.
Apesar
de sua saúde delicada, Paganini continuou fazer concertos
extensivamente, e teve sucesso acumulando uma fortuna considerável. Em
1836, porém, ele entrou em uma aventura especulativa — o
estabelecimento de um “Cassino Paganini” em Paris, uma moda da época
onde concertos eram apresentados — que foi um fracasso e no qual ele
perdeu uma boa parte de sua fortuna. A sua infelicidade com a perda da
riqueza agravou a sua doença.
Ele se foi para Marselha e Nice para descanso e recuperação. Mas
Paganini estava condenado. Sua doença ficou pior, ele tossia
incessantemente, e finalmente ele perdeu a voz completamente. Ele morreu
em Nice no dia 27 de maio de 1840.
Alguns
dias antes de sua morte, o Bispo de Nice foi chamado ao lado de sua
cama, mas Paganini recusou a vê-lo, insistindo que ele não estava
agonizante. Então, ele morreu sem os sacramentos finais, e a igreja
recusou lhe conceder um enterro em campo santo. Por um longo período, o
caixão dele permaneceu no hospital em Nice, depois foi removido a
Vila-Franca. Só depois de cinco anos da morte de Paganini seu filho,
apelando diretamente ao Papa, teve permissão para enterrar o corpo do
grande violinista na igreja da aldeia perto de Vila Gaiona.
Ao
longo de sua vida Paganini sofreu de uma doença nervosa que o compeliu
assumir uma existência nômade. Esta doença freqüentemente resultou
em febres violentas que o compeliram seguir períodos longos de
inatividade. Por causa de sua saúde, ele observou uma dieta rigorosa:
freqüentemente, durante um dia inteiro ele não comia
mais que um pouco de sopa, uma xícara de chocolate e uma xícara
de chá de camomila. Ele precisava uma quantia excessiva de sono.
Paganini
possuía um ouvido extraordinariamente sensível, até mesmo para um
grande músico tanto é que podia descobrir o sussurro mais lânguido até
mesmo a uma grande distância, conversa alta o causava-lhe dor física
extrema. Ao longo de sua vida ele foi caprichoso e intratável,
desmazelado na aparência e na casa. Os amigos freqüentemente
comentavam que ele era bastante reservado. Em se tratando de dinheiro,
ele era um homem de ganância.
Robert
Schumann sempre teve Paganini, o compositor, com alta estima e como
"Paganini o virtuoso". “As composições dele,” escreveu
Schumann, “contem muitas puras e preciosas qualidades.” Berlioz era
igualmente entusiástico sobre trabalhos de Paganini: “Um livro
inteiro poderia ser escrito contando tudo aquilo que Paganini criou...
de efeito moderno, de idéias engenhosas, formas nobres e grandiosas, e
desconhecidas de combinações orquestrais antes do seu tempo. As suas
melodias são grandes melodias italianas, mas cheias de ardor apaixonado
raramente achado nas melhores páginas de compositores dramáticos de
seu país. As suas harmonias sempre estão claras, simples, e de
sonoridade extraordinária. Sua orquestração é brilhante e enérgica
sem ser ruidosa.”
Certamente,
a maior importância de Paganini como compositor repousa com suas peças
brilhantes para o violino no qual ele desenvolveu os recursos
prodigiosos desse instrumento e afetando profundamente toda a escrita
para o violino que veio a seguir. Talvez, dos seus trabalhos para o
violino, os mais famosos são os vinte e quatro caprichos que, na opinião
de Florizel von Reuter, é
“O trabalho mais importante de Paganini... e revela uma tal riqueza de
conhecimento pedagógico, acoplado com uma fantasia inesgotável e
romance poético que eles podem ser considerados como prova convincente
de valor de Paganini como músico e compositor.”
Franz
Liszt e Robert Schumann transcreveram os vinte e quatro caprichos para
piano. Johannes Brahms compôs uma série de variações de piano no 24º
capricho, como fez Sergei Rachmaninov.
Desempenhos
de Paganini realmente devem ter surpreendido: em uma ocasião a um
concerto, 300 pessoas ficaram estupefatas na diagnose oficial de “a
cima do encanto.” Em Londres, muito freqüentemente as pessoas
cutucavam Paganini com as bengalas para verificar se ele realmente era
feito de carne e sangue. Em seu próprio tempo ele se tornou uma lenda
que se mantém viva por sua música brilhante.
Multidões
pagavam preços exorbitantes para assistir as apresentações daquele músico magrelo e feioso. Comerciantes colocavam o
nome do ídolo em produtos tão diversos como perfumes e botas. As turnês
incluíam as cidades mais importantes da Europa, com destaque para
Viena, Milão, Hamburgo, Paris e Londres, onde os lucros foram
suficientemente grandes para que o artista ficasse milionário. Sem dúvida,
o italiano Nicolò Paganini foi uma espécie de popstar musical do século
passado. As apresentações de Paganini resumiam-se quase sempre a
composições próprias, sons mágicos retirados do violino. O rosto
esquálido contorcia-se, os cabelos negros cacheados agitavam-se, e o
arco do violino fazia movimentos inalcançáveis para a maior parte dos
músicos da época. Algumas vezes, pelo simples prazer de assombrar,
Paganini sacava uma tesoura e cortava três cordas do violino,
prosseguindo o concerto somente com uma, a corda sol.
As
lendas não tardaram em aumentar o interesse por Paganini.
Dizia-se que teria feito um pacto com o demônio para poder
tocar daquela maneira, que as cordas de seu violino seriam
confeccionadas com os próprios cabelos do diabo. Outra história
dizia que sua habilidade vinha de anos de prática na prisão,
condenado pelo assassinato da amante. Nesta versão, as cordas
do seu instrumento seriam feitas dos intestinos da infeliz vítima.
Algumas vozes tentavam diminuir o seu valor artístico, como o
poeta irlandês Thomas Moore"Paganini
pode tocar divinamente, e algumas vezes realmente o faz, mas
quando vem com seus truques e surpresas,seu arco em convulsões,
sua
|
música mais parece o miado de um gato agonizante." Os fãs, porém, eram mais numerosos e mais importantes que os críticos. Paganini foi sagrado Cavaleiro da Espora Dourada pelo papa Leão XII, nomeado virtuoso da corte do imperador da Áustria, entre várias outras honrarias.
O Violinista Maldito
A princípio, a fama de Paganini se espalhou apenas em
sua cidade natal; entretanto, aos poucos, toda a Itália começou a
reconhecê-lo como sendo o maior violinista que já havia passado por
aquelas terras. Acima de tudo, Paganini era um virtuoso; seus feitos
assombravam de tal modo as audiências que começaram a circular lendas
que aliavam seus feitos a forças demoníacas. Ciente disso, ele começou
a cuidar de alimentar esse mito.
São muitas as lendas que circundam a figura de Paganini, a começar
pelas relacionadas à sua aparência. Devido a uma doença, ele havia
perdido os seus dentes, o que dava ao seu rosto uma aparência
macilenta; sua face pálida, em contraste com seus longos cabelos
negros, conferiam-lhe uma aura etérea. Seus trajes negros e
desalinhados completavam a imagem que desejava.
A
sua técnica ao violino, além de acuradíssima, também era ornamentada
com elementos espetaculares; ao tocar, Paganini desenvolvia um gestual
impetuoso e agressivo - por vezes atribuído aos demônios que o
acompanhavam. O poeta alemão Boerne assim descreveu uma de suas
apresentações: "Ele estava tomado por um entusiasmo ao mesmo
tempo divino e diabólico, como eu nunca havia visto ou ouvido em minha
vida."
Quando, aos quarenta anos, o violinista começou a viajar
pela Europa, suas excentricidades tornaram-se ainda maiores.
Chegava aos concertos coberto por um longo manto negro, em uma
carruagem puxada por quatro cavalos também negros - e, algumas
vezes, demorava a entrar no palco, para depois de longos minutos
surgir de súbito e uivar em direção ao público.
Os feitos de Paganini ao violino não eram menos
espantosos. Ele era capaz de tocar à espetacular velocidade de
doze notas por segundo - esse é tempo que a maior parte dos
músicos leva para ler
doze notas. Ele também inovou com suas técnicas de
memorização; antes dele, todos os violinistas tocavam
acompanhados do programa a ser tocado - Paganini, por sua vez,
costumava simplesmente subir ao palco com
seu instrumento, sacudir seu longo cabelo e pôr-se a tocar. Todo
o programa já havia sido memorizado.
|
Entretanto, certamente a mais fantástica proeza atribuída
ao violinista era sua extrema habilidade com uma única corda. Sabe-se
que cedo em sua carreira Paganini treinava improvisando melodias em uma
única corda, chegando inclusive a compor canções específicas para
isso. Francis Gates conta uma curiosa história sobre essa
peculiaridade: segundo ele, numa tarde, um rico cavalheiro contratou
Paganini e mais dois músicos para fazer uma serenada para sua amada.
Antes de começarem, o violinista secretamente amarrou um estilete em
seu braço direito - e, então, começaram. Logo uma das cordas
arrebentou. "É por causa do ar", disse Paganini, e continuou
tocando com as outras três cordas. Pouco depois, outra corda se rompeu,
sem que o violinista demonstrasse qualquer perturbação. Enfim, a penúltima
corda se partiu - para infelicidade do apaixonado cavalheiro, que começou
a temer pelo sucesso de sua serenata. Paganini respondeu a isso com um
sorriso e simplesmente continuou tocando como se nada tivesse
acontecido.
Em
busca de uma explicação para o fantástico talento do músico, mais
lendas começaram a surgir. Para alguns, tamanha habilidade se explicava
por uma suposta estadia na prisão. Segundo essa lenda, Paganini teria
sido preso por ter assassinado, a punhaladas, um rival seu em uma
disputa amorosa - e, em conseqüência disso, teria sido encarcerado por
oito anos, tendo como sua única companhia, em todo esse período, seu
violino. Outras versões dessa lenda são menos românticas, e falam
sobre o assassinato de um músico rival de Paganini por envenenamento.
Mas nada disso possui provas concretas.
Vários
historiadores afirmam que depois disso seu corpo foi várias vezes
desenterrado... por causas que ninguém até hoje conseguiu descobrir...
PAGANINI:
O Homem, o Mito
PAGANINI
emocionou as multidões com seus feitos aparentemente impossíveis na
Corda G.
PAGANINI
montou freqüentemente a sua Corda G aonde a corda 1 normalmente vai,
para maior facilidade.
PAGANINI
afinou freqüentemente a Corda G para cima um terço secundário
(B-baixo), e fez outros arranjos
Cedo
em sua carreira, Paganini começou a capitalizar na técnica de tocar em
menos de quatro cordas. Em uma carta que descreve este período no corte
de Lucca, ele discute como começou: "Procurando variedade nos
programas eu executei na corte, algo semelhante: depois de ter removido
duas cordas de meu violino (os 2d e 3d), eu improvisei uma sonata
intitulada 'amorosa de Scena' a 4ª corda que representa o homem (Adonis) e a
terceira, a mulher (Vênus). Este era o começo de meu hábito de tocar
em uma corda, como esta sonata foi muito admirada, e eu me perguntava se
eu pudesse tocar em uma única corda. Eu respondi: ' Certamente, ' e em
seguida escrevi uma sonata com variações..." Esta sonata Paganini
executou, pela primeira vez em 1810 em um concerto na corte, com suas
variações para a 4ª corda, tendo estendido seu correrge para três
oitavas por meio de harmônicas.
PAGANINI
parece ter muito de ator e foi um perfeccionista para ter havido a
possibilidade de uma quebra acidental de cordas no momento errado. De
acordo com Guhr, ele escolhia à mão suas cordas antes de as utilizar,
para ter certeza que elas eram das densidades exatas que ele quisesse
depender e como planejaria sua afinação. Além disso, ele estava
bastante a favor das composições de uma única corda do modo que
esperavam dele em concertos, até mesmo sem os truques usados por ele.
Então, em concerto contemporâneo revisado, e as suas próprias cartas
indicam que ele removia conscientemente as cordas
antes de tocar.
Uma
história semelhante é contada em _Anecdotes de Grande Musicians. Variações
neste tema ocorrem periodicamente nas biografias de Paganini, mas em
nenhuma instância existe documento específico citado.
Uma
outra lenda é a de um cavalheiro rico que havia implorado a Paganini,
junto com um violoncelista chamado Zeffrini, para fazer serenata a uma
senhora sua amada. Antes de começar a tocar Paganini furtivamente
amarrou um canivete aberto ao seu braço direito. Então eles começaram. Logo a corda de E estalou. "Isso é devido ao ar úmido,"
disse o violinista, e continuou tocando com
as outras três cordas.
Alguns momentos depois o ' A' quebrou... mas ele
continuou a tocar. Finalmente
a ' D' estalou, e o mancebo enamorado começou a ficar temeroso pelo
sucesso de sua serenata. Pois
o que poderia fazer Paganini com só uma corda em seu violino?
Mas Paganini simplesmente sorriu e continuou em com a música com
a mesma facilidade e força de tom que ele tinha usado previamente em
todas as quatro cordas.
PAGANINI
sempre afinou a sua Corda G no tom mais alto e mais impressionante,
segundo Karl Guhr. Ele era um contemporâneo e conhecido de Paganini,
como também violinista, maestro, e gerente de um teatro em Frankfurt.
Ele declara que Paganini selecionava Cordas G de espessuras diferentes e
escolhia uma de densidade média se fosse mais bem afinada a e usava o
A- baixo ou B- baixo. "É fácil perceber que Paganini, quando toca
em público, faz as mudanças na sua G, exatamente como planejou, e graças
à precaução tomada sobre a corda, ela permanece absolutamente
afinada. A sua habilidade de sintonizar o meio de um tom parece
realmente bastante incrível ". Neste ponto, sobre o bom ouvido de
Paganini, diz Dr. Francesco Bennati, "Em várias ocasiões, mostrou
ele a sua absoluta perfeição da audição musical tocando
verdadeiramente em um violino que não estava afinado ".
Sobre
a habilidade inumana de Paganini e pacto suposto com o Diabo:
PAGANINI
possuía tremenda flexibilidade física.
PAGANINI
sofreu provavelmente da então desconhecida a Síndrome de Marfan, uma
desordem de tecido conectivo.
Muitos
ouvintes acreditaram que Paganini tinha vendido a alma ao Diabo em troca
de sua perfeição musical.
A
PAGANINI foi recusado um enterro cristão pelo Arcebispo de Nice, porque
ele tinha recusado a Extrema- Unção.
Um
empresário ofereceu 30.000 francos pelos os direitos de exibir o corpo
embalsamado de PAGANINI.
PAGANINI
foi enterrado e desenterrado várias vezes durante o século XIX.
Dr.
Francesco Bennati, médico eminente e contemporâneo de Paganini que o
observou em uma tentativa para descobrir seu segredo dele observou: “A
mão dele não é maior que o normal, mas graças à elasticidade
peculiar em todas suas partes, o palmo dele é dobrado.
Por estes meios, por exemplo, pode ele, sem alterar a posição
da mão, modificar as articulações superiores dos dedos da mão
esquerda em uma direção lateral, com a maior facilidade e rapidez”.
Em
um artigo do diário de AMA datado de 2 de janeiro de 1978, Dr. Myron R.
Shoenfeld lança a teoria que Paganini nasceu com a Síndrome de Marfan:
“O longo, sinuoso, hiperextensivel toque da sua mão esquerda deu aos
seus dedos um alcance extraordinário e liberdade de movimento
independente no sobre as cordas no espelho, enquanto a flexibilidade do
pulso e articulação do seu ombro do direito, na extremidade superior
lhe deu a amplitude requerida para curvamento correto.
A evidência para esta hipótese necessariamente é inferencial,
mas, eu acredito, estou convencido e até mesmo compelido”.
“...O quadro claramente emerge, então, síndrome
de Marfan: um homem alto, magro com dedos longos e articulações de
hiperextensiveis. A segunda
linha de evidência era seu virtuosismo musical. Isto dependeu em boa parte de excursões forçadas, fatos
estes que fazem os violinistas mestres até mesmo empalidecerem. Apesar disto, PAGANINI nunca foi observado a fazer
treinamentos ou ensáios...”.
“O alcance e independência de movimento dos dedos eram tão
extraordinários que foi suspeitado amplamente que ele tinha sofrido um
procedimento cirúrgico para cortar as faixas que conectam os tendões...
Porém, é improvável que um músico talentoso no início de sua
carreira promissora teria arriscado assim a segurança das mãos,
particularmente naquele determinado estado primitivo da arte cirúrgica.
Muito mais provável é que a facilidade era inata ".
Schoenfeld
vai notar que "as características clínicas da Síndrome de Marfan
não eram nem mesmo descritas até as 1896, mais de meio século depois
de PAGANINI” e que a maioria desses sintomas provavelmente não foram
detectados, de qualquer maneira. "Nós não podemos esperar, então,
achar descrições destas complicações que falam da Síndrome de
Marfan em PAGANINI, até mesmo se realmente eles tivessem existido
". Porém, Schoenfeld aponta em PAGANINI que a perda da voz no o
fim da vida, nada indica que pode ter sido “a rouquidão e afonia
causada por reincidente paralisia laringeal do nervo provocado por um
aneurisma se expandindo do arco aórtico”.
Por
causa das habilidades aparentemente inumanas dele no violino, como também
a sua figura cadavérica, alguns ouvintes acreditaram que ele tinha
vendido a alma ao diabo. Não só era a sua ascensão européia rápida
e a adulação vertiginosa que ele inspirou em âmbito quase faustiano,
mas um motivo ocorrendo periodicamente em contos do povo europeu retrata
o diabo como um violinista. Várias caricaturas feitas de Paganini
consistem nele tocando o violino, alto e magro, com o cabelo dele
desleixado e se assemelhando a chifres. Em uma carta que responde
algumas das lendas contadas sobre ele, Paganini mostra a sua compreensão
sobre a natureza de lendas urbanas:
“Eles me representaram em prisão, mas eles são ignorantes da
causa de meu encarceramento... fala-se que, tendo achado um rival no
apartamento de minha amante, eu o apunhalei por trás... Outros afirmam
que, na loucura de ciúme, eu matei minha amante; mas eles não declaram
como eu efetuei meu propósito sangrento.
Alguns afirmam que eu usei um punhal, outros que, cobiçoso de
testemunhar a agonia dela, eu usei veneno.
Cada um povoou isto conforme a sua própria fantasia...”.
"Eu
tinha tocado um concerto com grande sucesso.
No dia seguinte, sentado à mesa do hotel,
entraram no salão dois cavalheiros, e minha presença ficou
despercebida. Um deles falou: 'não há nada surpreendente no desempenho
de Paganini, ele adquiriu o seu talento enquanto ficou em um calabouço
durante oito anos tendo seu violino para suavizar os rigores da prisão.
Ele foi condenado por ter sido um
covarde pois, apunhalou um de meus amigos que era o seu rival. '
eu...quis saber quando e onde isto tinha acontecido... ele disse
que não fazia muito tempo que seu amigo tinha sido assassinado,
ele tinha apenas ouvido dizer, e acreditou; mas não seria possível
que ele tivesse sido enganado? "
"
Um outro relatório mais ridículo ainda:
eu tinha tocado as variações, intituladas 'le Streghe'
(as Bruxas), e elas produziram um pouco de efeito.
Um indivíduo ...afirmou que ele não viu nada
surpreendente em meu desempenho, porque
ele tinha distintamente visto, enquanto eu estava tocando minhas
variações, o diabo a meu cotovelo, dirigindo meu braço e
guiando meu arco.
|
Minha semelhança para ele era uma prova de minha
origem. Ele estava vestido
de vermelho, com chifres na cabeça e o rabo entre as pernas.
Depois de tão minuciosa descrição,
você entenderá, senhor, era impossível duvidar do fato conseqüentemente,
muitos concluíram aquele indivíduo havia descoberto o segredo desses
feitos maravilhosos".
Paganini
vai reivindicar que um violinista chamado Duranowski era a
origem da história de prisão contada. Duranowski foi preso em
uma aldeia italiana em 1798, e condenado a vinte anos nas
galeras pela tentativa de assassinato de
um padre e tentativa de roubo. Duranowsky foi perdoado depois de
cumprir dois anos.
Em 1840, em seu leito de morte em Nice,
Paganini recusou os últimos ritos pois acreditava ele que
viveria por muito mais tempo. O padre foi para casa, e Paganini
morreu naquela noite antes que padre pudesse ter sido chamado
novamente. Baseado nisto, o Arcebispo de Nice emitiu um édito
que recusa enterro cristão de Paganini, e
|
contatou o Governador de Genova, e a casa de
Paganini, para aquele efeito.
Quando
o filho de Paganini chegou em Genova com o corpo de seu pai, lhe negaram
entrada para a cidade, e o cadáver ficou por meses em um necrotério
antes que fosse enterrado finalmente. Enquanto esperando pela decisão
da corte, o corpo embalsamado ficava em exibição ao público.
Eventualmente, eles colocaram o corpo sob um vidro para suavizar o
problema de decadência. De acordo com Achile, filho de Paganini, um
comerciante ofereceu 30,000 francos para o direito para exibir o corpo
de Paganini. O corpo não foi posto em solo sagrado até as 1845, quando
Achile conseguiu uma autorização especial do próprio Papa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário